O sistema de metas de inflação é um compromisso que o País assumiu em 1999, para dar segurança ao mercado sobre os rumos da economia. Esse sistema prevê que a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deve ficar dentro de um limite de tolerância; ou seja, dentro de uma faixa estabelecida. O governo estabelece, para cada ano, uma meta de inflação, que é uma taxa fixa que deve ser buscado.
A partir desse número, é estabelecida uma faixa de tolerância – quanto a inflação real pode variar acima ou abaixo dessa meta. Segurança O sistema de metas foi adotado como segurança para evitar o risco da hiperinflação, que atingiu o País nas décadas de 1980 e 1990 e só foi freada com o Plano Real em 1994 – após os preços terem chegado a subir 82,4% somente em março de 1990.
“A meta serve para dar previsibilidade ao mercado. É uma garantia de que o BC não vai deixar a inflação fora de controle”, explica o economista Francisco Pessoa. Ela é importante como referência, por exemplo, em contratos financeiros que preveem correção monetária pela inflação. 1) O que o governo faz para atingir a meta? O Conselho de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), é o responsável por tomar as medidas necessárias para garantir que a inflação fique dentro deste patamar. O principal mecanismo para manter a inflação sob controle no Brasil é a taxa de juros. Toda vez que os preços sobem acima do nível esperado, o Banco Central intervém com a elevação da taxa Selic (atualmente em 13,75%). Isso faz o crédito ficar mais caro, e incentiva as pessoas e as empresas a gastarem menos.
Se todos gastam menos, a tendência é que os preços também subam menos. 2) O que é o centro da meta? É a inflação a ser perseguida no centro da faixa de tolerância criada para a oscilação dos preços, explica Pessoa (a taxa exata de inflação na qual o BC ‘mira’). Desde 2005, o centro da meta se mantém em 4,5% ao ano no Brasil. 3) O que é a margem de tolerância? A regra diz que a inflação pode ficar até dois pontos acima ou dois pontos abaixo do centro da meta. Na prática, por essa regra a inflação anual não pode ficar abaixo de 2,5%, nem ultrapassar 6,5%. Em 2005, o país esteve mais próximo do centro da meta para o ano (4,5%), com inflação anual de 4,46%. 4) O que é o piso da meta? É a variação mínima tolerada dentro do sistema de metas inflacionário. Serve para prevenir o risco de uma inflação muito baixa ou até uma deflação (queda de preços), o que pode indicar um desequilíbrio entre a oferta e demanda no mercado, com mais produtos disponíveis do que consumidores dispostos a comprá-los. Esse desequilíbrio pode afetar a indústria por excesso de capacidade produtiva e provocar demissões, aumentando o risco de maior desemprego.
Ao contrário do Brasil, os Estados Unidos e países da zona do euro lutam para combater a baixa inflação após a crise internacional de 2009. 5) O que é o teto da meta? É o limite ao qual a inflação pode chegar dentro do sistema de metas em um determinado período. Atualmente, ele está 2 pontos percentuais acima do centro da meta (4,5%). Se a inflação estourar esse teto, o presidente do BC tem obrigação de divulgar uma carta aberta ao ministro da Fazenda justificando o descumprimento e informando quais medidas serão adotadas para que a inflação volte a níveis tolerados. 6) O que acontece se a meta não é atingida? “Não há punição quando se ultrapassa o teto, mas serve como uma advertência moral que gera insegurança nos investidores, que aumentam a exigência por juros para investir no País”, explica Pessoa. Nesse caso, o presidente do BC, no entanto, deve divulgar uma carta aberta ao ministro da Fazenda justificando o descumprimento e informando quais medidas serão adotadas para que a inflação volte a níveis tolerados.
0 Comentários